2015
Efemérides
O problema profundo.
Passo pouco tempo próximo de alunos de escolas quando da execução dos projetos, isto se for comparado com o tempo dos professores, o tempo com a família e tantos outros. A quantidade não vem a ser problema pela qualidade da percepção que penso possa ter um pouco.
A primeira ação com os alunos é o cumprimentar. Quem está por perto e mesmo quem está nas proximidades, é uma teimosia e sendo justificada porque afinal não vimos a pessoa ainda. Hoje aqui na biblioteca, alguns alunos acharam estranho que outros entraram e a primeira coisa que fizeram foi chegar perto, ver se eu estava livre e aí estender a mão e cumprimentar.
Tem outro ponto que não abro mão, é o chiclete. Ninguém é ruminante para estar o tempo todo forçando os dentes para aquilo que não foram feitos, fora todos os outros problemas. De maneira alegre e sincera sempre vou levando a deixarem o chiclete, não por uma simples proibição e sim explicando o por quê. O resultado, todos quando vem conversar e se estiverem com chiclete vão primeiro jogar fora e depois conversamos.
A agressão e força bruta entre os alunos estão cada vez maior. A força bruta entendo sempre que é usada quando não existe mais nenhuma outra saída possível. Então o problema profundo não é a ação em si deste ou daquele aluno e sim o que aconteceu, acontece e que poderá continuar acontecendo. Os alunos vêm com uma energia daquelas, existem muitos problemas de aprendizagem por deficiências várias, desde nutricionais, formação, genética e tantas outras. Mas, poderia ser diferente?
Entendo que sim e a questão deveria ser deixar o problema bem claro para encontrar outros níveis de soluções. Se existe energia sobrando é preciso canalizar, ter atividades compatíveis e ir levando aos poucos ao controle pessoal de cada um, para se concentrar como aluno prestando atenção nas aulas e também quando estudante fazendo lições , preparando trabalhos e leitor assíduo.
Neste contexto, existem adultos nas mais variadas funções ou sem função nenhuma. Existem pais que tem filhos como se fosse uma aquisição na loja. Bem, temos o filho, mas todo o restante desde cuidados, educação e tempo disponível, manutenção, alimentos e roupas é responsabilidade de todos os outros . A educação terceirizada sempre produzirá alunos mais revoltados, porque eles nunca foram desejados, amados e cuidados como deveria ser.
O estado de certa forma prefere isto e temos o auge quando hoje se houve em estoque de profissionais. São aqueles profissionais que não estão empregados. Usa-se a palavra estoque e como remete a algo positivo todos acham que tudo está bem. Então continuamos com nosso problema profundo, as crianças, os alunos, são a ponta mais fraca onde tudo explode.
Então o problema que presencio na escola e independente do nível econômico é o mesmo. Perdeu-se toda a noção de conjunto da espécie, das pessoas em sua sociabilidade. Isto ocorre porque em algum ponto se formos mais a fundo alguém leva vantagem. Domina os outros não para conduzir um grupo em sua história de existência e sim para tirar algum proveito ganancioso e individual.
Termino com uma citação do meu amigo José G. Baldo. “Processos duais, antagônicos e complementares, eles apenas se apresentam descontrolados, destrutivos e mesmo desastrosos quando a ação humana sobre os organismos e sobre a natureza é ilimitada ou extremada.”
Animais em Perigo - Livro Infantojuvenil.
Esta seria minha sugestão de título para o livro "Livro Vermelho das Crianças". O conteúdo e a dinâmica narrativa está apropriada para o público ao qual se destina e até acredito que num primeiro momento toda a capa foi pensada para chamar atenção deste.
Percebo também uma relação com http://www.iucnredlist.org/…/inspiring-children-to-build-a-….
No entanto iria também sugerir uma capa diferente, fundo branco com toda escrita em vermelho e a silhueta dos animais vazada, para tornar mais palpável o perigo. Enfim, vale pelo conteúdo e inclusive serve de inspiração para outras atividades relacionadas.
Link relacionado:
Uma postagem, uma reflexão.
Penso que possa servir para viver melhor. Segue o comentário que fiz numa postagem: lembrei do José Saramago e depois de pesquisar, porque tinha perdido, encontrei a frase: "Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro". Ainda não consigo tudo isto, mas procuro e o melhor é que deixo de ser colonizado pelos outros. Assim, tudo flui com os que querem algo mais e não vale a pena perder tempo de vida com quem não quer.
O desencontro dos tempos
Penso que não vai dar certo hoje
Pelo andar dos ponteiros deste tempo
Que mata os destemidos e cerca os desvalidos
Quem corre mais?
O ponteiro maior ou o menor?
Não importa
O tempo é como areia da praia
Escorrendo por entre os dedos
O tempo é o mesmo em quedas diferentes
Seguimos em frente quer com ou sem tempo
Uma inspiração no tempo
Para acalmar e apaziguar o tempo que já não volta
Reflexão após show intimista.
O show Raiz Forte belíssimo. Tentar colocar em palavras a emoção e a relação com Ana Paula da Silva tiraria toda a beleza e encanto deste encontro. "Palmas de poucos mas sinceras, obrigado".
Um show que se tornou íntimo, um público de dois casais, para um teatro se não estou enganado de aproximadamente 400 lugares no Espaço da Arte em Francisco Beltrão, ma cidade de aproximadamente 85 mil habitantes. Tudo bem, poderiam existir desculpas desde o estilo musical, compromissos, jantares e outros.
O show foi gratuito promovido pelo SESI, que pelo que sei ainda é o Serviço Social da Indústria. Trabalho de divulgação feito e segundo o coordenador com retorno positivo e interesse. Será? Poderia existir um faz de conta ou um gosto de enganar?
Poderá existir algo mais profundo? Seria o excesso de mercantilização? A maioria das pessoas tornou tudo uma relação financeira. Logo, show gratuito não tem valor. Ou, indo um pouco mais fundo, se não gera receita e lucro não deve existir. Claro, salvo o trabalho voluntário onde os problemas são empurrados para outros para que a receita e o lucro continuem existindo.
O que dizer então de uma cidade que quer ser polo de uma região, onde as atividades culturais vão diminuindo. Sim, já perdemos a Mostra Paranaense de Dança, vários espetáculos do SESC e por aí vai. Cultura é interação. Certa vez um grupo do Amapá se apresentou e ainda lembro bem o diálogo que tivemos com integrantes do grupo. Eles agradeciam por estar se apresentando não somente para apresentar o que era a sua cultura. eles tinham um grande interesse para saber da cultura e costumes locais. E diziam: nunca imaginamos um dia sair de lá e estar aqui, e ter estado aqui vai reforçar o gosto pela nossa cultura e respeito pela cultura de vocês.
E o mea culpa também existe. Deveria ter insistido mais com os meus atuais 384 amigos virtuais, não para convencer e colonizar suas mentes, mas para somente sugerir de uma vez experimentarem algo diferente. A mudança não é fácil e nem obrigatória, quando acontece aconteceu.
Aqui o link de um vídeo https://www.youtube.com/watch?v=x84IGQ_wYNQ.
Site da Ana Paula da Silva - http://www.anapauladasilva.com/
Conselho Gestor de Praças da Cidade.
Quando era paulistano participei do Conselho Gestor do Parque da Aclimação. Era difícil e exigia dedicação, mas tínhamos a vantagem de ter reconhecimento a nível institucional, inclusive junto ao Ministério Público. Assim, entre outras ações, foi possível ampliar a área de entorno do parque para evitar que ficasse cercado de tal forma que começasse a prejudicar o desenvolvimento da flora e a passagem de aves migratórios pela cidade. Sim, aves migratórios passam pela cidade de São Paulo e um dos pontos de descanso e mesmo temporadas mais longas acontecia no Parque da Aclimação.
A pressão das construtoras sempre foi enorme, como acontece em todos os lugares. Porém, melhorar a qualidade de vida só é possível com o aumento da arborização e dos espaços públicos para a convivência entre as pessoas.
Espero que estes conselhos para as praças possam ser tão atuantes quanto.
Notícia relacionada: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,cidadao-podera-ser-gestor-de-pracas-de-sp,1704763
Servidão.
Enquanto as pessoas tiverem medo porque sabem que amanhã não vão mais estar aí sempre existirá vaga para picareta, charlatão, ditador, e outros relacionados. Uma leitura recomendada para todos os seguidores: "O discurso da servidão voluntária". http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/boetie.html
E mais este artigo "Discurso da Servidão Voluntária: relações de força e liberdade na obra de La Boétie" em www2.pucpr.br/reol/index.php/RF?dd1=3237&dd99=pdf.
Pedestal.
Quanto maior o pedestal mais difícil para a estátua cair e quando cai também não sobra nada para reconstruir. É preciso começar de novo e o novo pode ser sem nada do que existiu antes. Isto acontece com as relações entre pessoas, as diversas formas de associação e com todas as sociedades que não levaram em conta os limites de sustentação da vida.
Sem dizer nada.
"O modelo de desenvolvimento se caracteriza por uma correta relação entre estrutura e superestrutura no interesse primário da população, evidenciando e explicitando a cavaleiro da situação contingente, a adoção de uma metodologia diferenciada."
O texto acima pode ser encontrado na página 7 do Manual de Redação da Presidência da República com as instruções que estão na página 6.
Porque tenho a impressão de que grande parte dos discursos, independentemente do nível de governo, do tipo de negócio e outros parecem semelhantes com o exemplo que montei?
Para acessar o manual http://www.planalto.gov.br/ccivi…/manual/ManualRedPR2aEd.PDF
Sobre armas de fogo.
Quem audita a indústria de armas nacional? Existe subsídio para exportação de armas fabricadas em território nacional? Estas ainda são minhas dúvidas e embora possa portar arma sempre quero continuar tendo o direito de escolher não ter e não a obrigatoriedade de não poder ter.
Arrogância da espécie ou erro da natureza?
A natureza deu condições de vida e de existirmos. Nossa arrogância privada ou socializada é tanta que de ambos os lados a natureza não conta. Queremos simplesmente nos apropriar dela individualmente ou coletivamente. Isto é, em ambos os modelos, tudo precisa ser dilapidado, domado e transformado em coisas que se não necessárias devem ser endeusadas para que todos queiram ter. Fugimos das aulas no passado e não temos mais noção alguma dos ciclos naturais nos quais estamos inseridos. Então fico com uma dúvida. É um erro da natureza permitir tamanha arrogância nossa ou será uma possibilidade de aprendizado para a espécie humana? A dúvida aumenta quando volto na história. Tivemos chances anteriores que já se foram.
Borboletas no escritório.
Sombra que passa pelo monitor
Estranho e nada mais
Minutos depois mais uma
Duas borboletas recém saídas do casulo
Ainda com asas sendo treinadas
Eram de casa e não sabia
Encontro o casulo vazio num canto
Fotografia e liberdade
A natureza própria para elas está lá fora
Marrecas
Rio de nossas vidas desde cedo até adormecer
Corre tranquilo e sereno
Garante nossa existência
Quem dera a paisagem volte a ser como a do quadro
O rio no seu lugar
E nosso lixo tendendo a zero
Um sonho possível
Pequena ação aqui
Outra acolá
Que tranquilidade
Poder desfrutar de suas margens
E jamais esquecer de ti, nosso Marrecas
Meu pensar sobre a Educação.
Com todos os acontecimentos acumulados nestes anos de vida penso que levaremos muito tempo ainda para evoluir. Certa vez perguntaram ao diretor do colégio por onde tinha passado o ministro de estado da época como é que com toda a formação dada ele era igual a qualquer outro? O diretor virou para a plateia e disse: alguém de vocês sabe como foi a passagem dele pela nossa escola? Alguém sabe quanto os pais dele vieram aqui reclamar porque o filho era ótimo e os outros é que eram o problema? Alguém foi saber quantas recuperações ele fez?
Todos ficaram quietos e ele continuou, pois pensem vocês, cada vez que vocês acharem que está difícil e forem reclamar para os pais virem aqui, cada vez que o professor der mais lições e você vier reclamar, cada vez que você ao invés de estudar e fazer a lição for gastar todo o tempo em não fazer nada, você estará criando todas as condições para ser igual ao ministro do qual você agora está reclamando que não faz nada.
E assim, hoje lembrando desta fala e procurando ser o mais fiel que posso por ser uma lembrança longínqua, entendo que a educação precisa acontecer e ser valorizada em casa, depois a escola complementa com conteúdos mais específicos que devem servir para toda a vida e cada um torna-se um estudante para toda a vida sempre procurando o melhor.
No entanto, é preciso que cada um comece a ser educador e valorizar a educação, trazer o tema para as rodas de conversa e principalmente saber que a vida em seu conjunto sempre seguirá com seus desafios, estes sempre irão exigir estudo, dedicação e adaptação para novos tempos.
Continua o investimento na pobreza.
Andar faz bem a saúde e mantém-se a conexão com o entorno. Numa esquina próxima tem um terreno a venda, muitas árvores e uma casa ao fundo. O motivo da venda não sei, mas posso depreender que todo o processo continua o mesmo. De um lado, pode ser uma necessidade de recurso financeiro. Vende-se o lugar de moradia e compra-se num lugar mais barato e a diferença cobre a necessidade. De outro pode ser a especulação, para dar valor, isto é, fica a venda por um tempo, só para ajudar a manter um valor estratosférico do mercado. Tem vários imóveis que de tempos em tempos ficam a venda e nada. Outro é a mania louca de crescer indefinidamente. O proprietário vende e aquele que compra constrói um prédio. A grande maioria ficará contente, serão mais pessoas, mais negócios, mais lucros e mais impostos arrecadados. O problema não são os pobres e nem ter raiva de pobre o problema é continuar investindo na pobreza. Ou você já viu algum bairro de classe alta apinhado como favela?
Mão e pedra.
A Mão
Suporte para apreciar
Os dedos que apontam para o vazio
A pedra pode ser pesada
Alguns atiram contra outros
Outros juntam e constroem o amanhã
Minerais diversos
Carbonetos e malaquita
Uma pequena esperança que resistiu
Em meio a uma massa maior
Desponta como criança num berço
Quanto tempo
Milhões de anos
Aqui, um instante
Mão e pedra, pedra e mão
E queima o óleo em Santos.
Sabe qual a diferença entre um ladrão de galinhas e uma empresa que se diz sustentável queimando milhares de litros de combustível em Santos? O ladrão de galinhas vai ter sua vida revelada e todos saberão seu nome, já a empresa, no máximo dizem qual a cidade porque é onde o incêndio foi visto. Mas, não se engane a empresa nem é comandada a partir de Santos. Vivas para a Ultra Sustentabilidade e todo o controle da mídia. E convidando o cínico ele dirá: está perdendo seu tempo em reclamar a poluição ia acontecer de qualquer maneira. Ou na queima dos tanques ou queimando no tanque dos veículos. E continuamos apaixonados por fumaça e adoramos levar toneladas de aço para passear.
Pessoas ocupadas.
As pessoas ocupadas em ganhar dinheiro e se darem bem na vida são o tipo do qual precisamos todos nos afastar. Isto porque elas atrapalham o seu bem estar, ocupam seu tempo sem dar nada em troca. Acham que por serem muito ocupadas, agindo como é reconhecido pela sociedade, podem usar dos outros naquilo que elas deveriam de fato atuar.
O exemplo pior é o do pai atarefado que talvez até não lembre certo do ano em que seu filho está na escola. Como é algo que não dá dinheiro, coisa para aluno ou outros verem, ele vai e busca ajuda com suposta enganação de alguém que entende mais. Não faz o seu papel de pai de participar ativamente da escola de seu filho e ainda terceiriza para outro.
Depois fica a pergunta por que o país não vai para frente, porque tudo é tão mal administrado em termos de nação, de estado, de município. Por isso se uma pessoa ocupada em pedir algo para você do qual ela não vai participar, faça o favor de deixar prá lá.
Quem muda?
Certa vez morando num prédio e reclamando do barulho alguém virou e disse: os incomodados que se retirem. Uma afirmação bem idiota num primeiro momento. Como já estava passado em termos de paciência resolvi voltar e tentar dormir. No dia seguinte precisava estar cedo no cliente e ele não ia querer saber se consegui dormir bem ou não.
O tempo foi passando e depois tivemos oportunidade de comprar um apartamento maior e nos mudamos. Tudo ia bem até o dia em que o apartamento ao lado foi vendido e a família era de uma barulheira só. Era como se ninguém existisse e somente eles. A estória se repetiu e lá veio de novo: os incomodados que se retirem. Responder não valia a pena.
Alguns anos depois, mudamos novamente e aquele barulho infernal ficou para trás. Mas, já dá para adivinhar. O vizinho tinha as filhas e elas voltavam de madrugada e ficavam conversando embaixo ao invés de irem para casa. Deu tanta confusão e acabou dando em nada. Passou um tempo e mudamos.
Hoje penso que estas três situações permitem refletir sobre a pergunta proposta. Existe a mudança por necessidade que podem ser financeiras, sobrevivência, amorosas e por aí segue. É algo externo que é imposto porque está diretamente relacionado com o continuar vivo. Se alguém está num emprego que não dá nem para viver modestamente, com certeza precisará mudar.
Existe também a possibilidade de mudar por prazer de mudar. Experimentar algo novo. É uma mudança de risco e acontece normalmente com as pessoas mais jovens. Elas ainda não têm todo o risco da vida bem claro. Conseguem muitas coisas neste sentido e na melhor das hipóteses boas estórias de aventuras para contar.
Afinal, porque mudar? Mudar por um entendimento de que a vida é complexa e que muitas coisas não podem ser como são e que chamaria de evolução. Ela pode não acontecer para muitos ou estes terem somente seus efeitos e serem obrigados a mudar. A evolução onde o mais adaptado, a espécie mais adaptada sobrevive, é uma exigência constante de mudança. Esta mudança acontece como um estalar de dedos, quando saímos do ter para o ser. O ter coisas é estar cercado sem capacidade de movimento.
O ser é quem vai provocar a mudança e esta é uma escolha. Ou melhor, um prestar atenção para poder adaptar-se melhor. Então, a resposta, os incomodados que se retirem, está certíssima. Só quem está atento, sente, está livre e não cercado de coisas é que poderá mudar e sempre estará mais bem adaptado, vivendo melhor.